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A HOCKNEY E A MÁRIO BOTAS

Cá está o gato de que eu gosto!, dizia ele.
Porque olha para mim e para tudo.
Porque desaparece no meu rosto.
Porque, felpudo e mágico, se senta em mim enquanto olho, descrevo, parasito, não sei nada, descubro.
O infinito caldeia-se no cigarro, na cadeira, nos meus olhos, na mulher que está na frente e reproduz.
Todas as mulheres.
Eu estou ocasionalmente na cama.
E não tenho
Vontade nenhuma
De me misturar com os outros… (p. 46)

Raúl de Carvalho, Elsinore, Brasília Editora, 1980

Mário Botas, Os passeios de um sonhador