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CocoRosie – ”Tales Of A Grass Widow” 04 – Broken Chariot
27 Sábado Jul 2013
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25 Quinta-feira Jul 2013
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Adolescente
Eu – adolescente?
Se, de repente, aparecesse aqui, agora, diante de mim,
saudá-la-ia como pessoa que me é próxima,
embora seja, para mim, estranha e distante?
Verteria uma lágrima, beijar-lhe-ia a testa
pela simples razão de termos
a mesma data de nascimento?
Há tão poucas semelhanças entre nós,
quiçá, apenas os ossos são os mesmos,
a caixa craniana, as órbitas.
Já que os olhos dela parecem maiores,
as pestanas mais compridas, ela mais alta
e todo o seu corpo revestido
com uma pele lisa, sem mácula.
Na verdade, ligam-nos parentes e desconhecidos;
no mundo dela, porém, quase todos estão vivos,
enquanto no meu quase ninguém sobreviveu
deste círculo que tínhamos em comum.
Somos tão diferentes uma da outra,
pensamos e falamos sobre coisas diferentes.
Ela pouco sabe –
mas com uma teimosia digna de melhores causas.
Eu sei muito mais –
mas sem ter certeza de nada.
Ela mostra-me uns poemas,
escritos com letra clara e cuidada,
como eu já há muito não escrevo.
Leio esses poemas e leio.
Bem, talvez este daqui,
se o reduzirmos
e corrigirmos aqui e ali.
O resto nada de bom augura.
A conversa está difícil.
No seu pobre relógio,
o tempo ainda é vacilante e barato.
No meu, muito mais precioso e exacto.
Na despedida – nada, um breve sorriso
e comoção nenhuma.
Somente quando se afasta
e, apressada, se esquece do cachecol.
Um cachecol de pura lã,
às riscas coloridas
feito de croché para ela
pela nossa mãe.
Ainda hoje o tenho
18 Quinta-feira Jul 2013
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18 Quinta-feira Jul 2013
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Eco também sabia que o medo é o cerne da escravização de si próprio e que a capacidade de rir-se de si próprio lhe tira a violência. Por isso, Jorge tem de destruir o livro em nome de Cristo, porque nele se fala do riso e o riso poderia anular o medo do medo. Jorge quer ter esse medo nas suas mãos, qual poderosa arma para manter a humanidade subjugada. Ninguém deve ler a segunda parte da Poética de Aristóteles – sobre a qual só há conjecturas, mas que Eco faz existir até à sua destruição no mar de chamas que consome a abadia – porque o riso aponta a direcção a seguir para sair do círculo vicioso da escravização. A loucura de Jorge e a malvadez com que ele persegue o seu fim permanecem, evidentemente, ocultos debaixo do manto da piedade.
De O Nome da Rosa de Umberto Eco salto agora para o presidente americano Ronald Reagan, o que pode parecer uma arbitrariedade. Mas também ele representa o tipo de líder a que a conquista de coisas permite fugir do seu próprio interior. Nisso apresenta uma certa semelhança com os personagens que Eco retrata. Reagan não só ilustra a aliança entre o tipo sedento de poder e um público que procura desesperadamente quem o liberte do seu Eu, que não suporta. Na sua autobiografia Donde Eu Vim chega mesmo a documentar, ele próprio a cisão. O seu título dá a pista; traduzido literalmente, ele quer dizer:«Onde é que está o que falta de mim?»
Num ensaio sobre Reagan e o cinema, tão brilhante como é provocador, Michael Rogin conclui que Reagan só se identificava quando representava papéis de filmes. Confirma a tese de ele ser um homem dirigido unicamente para fora que tenta assim fugir ao seu interior. Na opinião de Rogin, a confusão entre o cinema e a vida produziu o tipo «Ronald Reagan». Nesta perspectiva, ele parece, evidentemente, o produto das circunstâncias que ele próprio não controla, o que me parece insuficiente. É que a vida de pessoas como Reagan caracteriza-se pelo esforço tenaz de organizar, para si, tudo de forma a que não seja necessário enfrentar o seu interior. Se considerarmos Reagan apenas uma vítima das circunstâncias, escapa-nos que é justamente a recusa da responsabilidade pessoal o que caracteriza este tipo de líder. Com isso, desculparíamos a maldade intrínseca das suas acções. (pp. 139-140)
A Loucura da Normalidade, Assírio & Alvim, 1995
18 Quinta-feira Jul 2013
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13 Sábado Jul 2013
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Posted by Ana Paula Inácio | Filed under Uncategorized
12 Sexta-feira Jul 2013
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11 Quinta-feira Jul 2013
10 Quarta-feira Jul 2013
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NÚMERO 13
I. Os livros e as prostitutas podem levar-se para a cama.
II. Os livros e as prostitutas entretecem o tempo. Dominam a noite como o dia e o dia como a noite.
III. Olhando os livros e as prostitutas não nos apercebemos de como cada minuto lhes é precioso. Mas quando lidamos com eles mais de perto, começamos por notar como têm pressa. Contam o tempo à medida que nos afundamos neles.
IV. Os livros e as prostitutas sempre tiveram um amor infeliz um pelo outro.
V. Livros e prostitutas: ambos têm aquela espécie de homens que vivem deles e os maltratam. No caso dos livros, os críticos.
VI. Livros e prostitutas em casas públicas – para estudantes.
VII. Livros e prostitutas – raramente aquele que os possui assiste ao seu fim. Costumam desaparecer da nossas vista antes de se apegarem.
VIII. Os livros e as prostitutas contam com o mesmo agrado e a mesma hipocrisia a história de como se tornaram no que são. Na verdade, frequentemente nem eles próprios dão por isso. Anda uma pessoa anos a fio correndo atrás de tudo «por amor», e um belo dia vemos no engate de rua, com um corpus bem nutrido de carnes, aquilo que, «por razões de estudo», sempre pairou acima dele.
IX. Os livros e as prostitutas gostam de mostrar a lombada, de nos voltar as costas quando se expõem.
X. Livros e prostitutas têm muitas crias.
XI. Livros e prostitutas – «velha beata – jovem puta». Quantos livros, daqueles pelos quais a juventude hoje aprende, não foram difamados!
XII. Os livros e prostitutas têm as suas zangas diante de toda a gente.
XIII. Livros e prostitutas – as notas de rodapé estão para aqueles como as notas de banco na meia para estas. (pp. 32-33)
Walter Benjamin, Imagens de Pensamento, Assírio & Alvim, 2004